Navegação do site
A abertura oficial da Semana da Família, promovida pela Coordenadoria Estadual da Família (Cefam) até 16 de maio, teve início nesta segunda-feira (12/05) com a realização do Seminário “Likes ou cuidado? As responsabilidades parentais no mundo digital”. O evento foi promovido no Auditório Des. Itamar Pereira, na Escola Judicial (Esmape) do Tribunal de Justiça de Pernambuco com a presença de magistrados (as), servidores (as) e da sociedade em geral. Durante a iniciativa, as ações da Semana da Família têm como objetivo fortalecer o vínculo entre o Judiciário e a sociedade, promovendo reflexões e práticas voltadas ao cuidado, à convivência familiar e à promoção de uma cultura de paz.
A mesa de honra do seminário foi composta pela desembargadora Andréa Brito, representando o presidente do TJPE, desembargador Ricardo Paes Barreto; pelo juiz auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça do TJPE, André Santana, representando o corregedor geral da Justiça do Estado, desembargador Francisco Bandeira de Mello; pela vice-diretora da Esmape, desembargadora Daisy Andrade; e pelo coordenador da Infância e Juventude, desembargador Élio Braz.
A abertura do evento foi marcada pela fala do coordenador geral da Família do TJPE, desembargador Humberto Costa, exibida por meio de vídeo. "Quero expressar minha imensa gratidão pela presença e pela colaboração de todos em tão importante evento. Esse é um encontro que visa fortalecer ainda mais o tecido familiar e por consequência o tecido social. Família é o grande palco onde nós encontramos a oportunidade de nos educar e educar aqueles que convivem conosco. É o grupo social principal em que se desafia o conviver, que é um verbo de difícil conjugação no mundo moderno. Aqui vamos pautar a discussão do meio digital que tem tomado conta dos nossos comportamentos, de nosso tempo. E é muito importante estudarmos sobre as consequências daquilo que eu chamo de dar acesso à informação sem uma necessária formação e maturidade. Esse encontro tem o objetivo de amadurecer verticalmente toda essa questão para nos auxiliar a melhor conduzir as crianças e os adolescentes nesse contexto, fortalecendo-os e não expondo-os às vulnerabilidades da vida", pontuou.
Na sequência, o desembargador Élio Braz destacou a urgência extrema em refletir e buscar soluções sobre os reflexos do uso excessivo das mídias digitais por crianças e adolescentes. “Temos que refletir sobre que sujeitos de direitos e de desejos são esses seres da nova geração que convivemos hoje em dia. Estamos em uma nova realidade muito recente sobre a qual não dispomos de um desenho na ordem institucional e familiar. Hoje percebemos um mundo no qual os pais fazem um grande esforço para provar que amam os filhos e eles não precisam que haja essa prova de amor, precisam, na verdade, de cuidados. O amor vai sendo construído dentro dessa relação. Nós não sabemos lidar ainda com o afeto das nossas crianças nos dias de hoje e aí vem uma tecnologia avassaladora que nos exige uma percepção ainda maior de como entendê-los e educá-los. Temos que evoluir a partir de debates como esse, que visam a abordagem interdisciplinar para o aprofundamento do tema", observou.
A vice-diretora da Esmape, desembargadora Daisy Andrade, agradeceu a presença de todos e enfatizou a honra da Esmape em sediar o evento sobre um tema tão relevante e atual. "Como representantes da Escola Judicial estamos muito felizes não só com a presença de vocês, mas com a proposta do que a Coordenadoria da Família decidiu fazer ao debater esse assunto. É na infância e na família onde tudo começa. As diretrizes de como agir nessa questão devem ser debatidas. O Judiciário está abrindo o seu olhar, os seus ouvidos, tirando as suas vendas para saber que a família é de fato o núcleo mais relevante da sociedade. Até que ponto essa geração e digo até as anteriores estão confundindo likes com afeto. Precisamos cuidar dessa infância e ensinar a criança o caminho que ela deve percorrer", asseverou.
O juiz auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça do TJPE, André Santana, também salientou a relevância do tema. "Quero cumprimentar todos vocês pela presença, e aqueles que não fazem parte da conjuntura do TJPE, mas que estão aqui para a gente tratar desse assunto tão importante. Nesse preâmbulo do que representa esse momento, eu não posso deixar de dizer que eu sou pai e tenho justamente essas preocupações que serão debatidas aqui. O que será discutido diz respeito a cada um de nós. Na plateia podem ter mães e pais muito atarefados que entregam o celular ao filho para ter aquele momento de relaxamento. As consequências desse ato podem ser muito maiores que do que aquela que imaginamos. Eu tenho certeza de que hoje nós conseguiremos crescer no sentido de entender pelo menos um pouco dessa problemática", avaliou.
Por fim, a desembargadora Andréa Brito, que representou o presidente do TJPE, saudou a mesa, os serventuários da casa, e o público em geral. A magistrada enfatizou a dificuldade das mães e dos pais para educar os (as) filhos (as) nos dias atuais. "Nós vivemos num mundo que hoje tem a realidade física e a virtual e muitas vezes as crianças e os adolescentes têm muito mais conhecimento dessas ferramentas do que os próprios pais. Os pais, pela primeira vez, estão recebendo dos filhos as informações de um mundo virtual para que eles possam vigiar quem detém de fato o conhecimento tecnológico sobre tal assunto. Eu também vim aqui como vocês para ouvir e aprender porque todos nós convivemos com crianças e adolescentes e somos responsáveis para que eles trilhem um bom caminho", concluiu.
Palestras
Em seguida foram proferidas as palestras do seminário mediadas pelas servidoras da Coordenadoria da Família do TJPE; a secretária da Cefam, Lara Brasileiro, e a psicóloga Marcella Pedroza. A primeira palestra teve como título “Crianças conectadas, emoções desconectadas: os desafios da parentalidade no mundo digital”, proferida pela psicóloga Flávia Resende. O tema “Impactos psicológicos no uso inadequado de tecnologias por crianças e adolescentes”, veio na sequência com a psicóloga Paloma Freitas. E para encerrar o evento a advogada Luciana Brasileiro discorreu sobre o tema “Responsabilidades legais dos pais no ambiente digital e suas implicações em processos de família”.
A psicóloga Flávia Resende destacou a importância do debate. "Discutir as responsabilidades parentais no mundo digital é essencial, especialmente num tempo em que crianças já crescem imersas na tecnologia. Esse é um tema urgente, que exige reflexão contínua. Precisamos conversar sobre como usar a tecnologia com consciência; não como substituto de presença, mas como ferramenta de conexão verdadeira. É esse debate que pode transformar a forma como cuidamos das novas gerações! Participar desse seminário foi uma experiência incrível", avaliou.
Durante sua palestra, a psicóloga Paloma Freitas falou que a internet é uma tecnologia maravilhosa desde que não tome o controle das pessoas. "A internet conecta pessoas a quilômetros de distância, facilita o acesso à informação e ao conhecimento, estimula descobertas, entretenimento, mas não pode nos controlar. Nos perguntamos o quanto ela tem ocupado o nosso tempo. Sinais de que o uso deixa de ser saudável é quando temos dificuldade de parar, mesmo sem a necessidade real, demonstramos irritação quando somos interrompidos, e a usamos de forma automática, sem propósito. Ser pai e mãe hoje não é fácil. Não deixem a tecnologia educar seus filhos (as). Proibir não é a solução, apenas dosar na medida certa. As crianças precisam de controle e fiscalização de conteúdo. Isso não é invasão", destacou.
Já a advogada Luciana Brasileiro salientou temas como bullying virtual, dos crimes cometidos por meio da exposição excessiva da imagem de crianças e da monetização dos pais em torno dessa nova realidade e da necessidade de uma jurisprudência mais rígida e eficaz sobre o assunto. "Além de leis mais coerentes, é necessário que os pais se atentem para essa nova realidade que nos é imposta com o mundo virtual, e não apenas procurem educar os seus filhos como também se auto eduquem dentro desse novo universo familiar que chega ao mundo jurídico em forma de processos provocados pela má utilização da internet", concluiu.
Os interessados em mais informações sobre as palestras podem encaminhar e-mail para coordenadoria.familia@tjpe.jus.br.
O evento ficará disponível também no YouTube da Esmape.
Confira toda a programação da Semana da Família:
13 de maio – Conversas em Família: “Maternidade e vínculos – desafios e afetos na construção do cuidado”, no auditório da CIJ;
14 de maio – Círculo de Construção de Paz/Justiça Restaurativa: “Família em sintonia: um espaço para sentir e falar”, no Fórum de Jaboatão dos Guararapes;
15 de maio – Projeto Laços Fortes, na Escola Antônio Heráclio (Água Fria);
16 de maio - Cefam integra na Uninassau
……………………………………
Texto: Ivone Veloso | Ascom TJPE
Fotos: Jairo Lima | Esmape