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Em clima de escuta, acolhimento, cuidado e valorização da vida, a Escola Judicial de Pernambuco (Esmape) sediou, na última sexta-feira (5/9), o evento “Setembro Amarelo: estamos cuidando da nossa saúde mental?”, em parceria com a Diretoria de Saúde do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). A atividade aconteceu no Auditório Des. Itamar Pereira da Silva, na Esmape, e reuniu magistrados(as) e servidores(as) do TJPE.
Confira as fotos dos(as) palestrantes.
A programação do evento contou com as palestras “Cuidar da mente é proteger a vida: o valor da escuta compartilhada no Setembro Amarelo”, com a psiquiatra Mayara Barros; “Redes sociais e saúde mental: reflexões sobre a hiperconectividade”, com o psicólogo Sérgio Dias; “Poesia contra a morte”, com o psicólogo Pedro Gabriel e “Eixo intestino-cérebro: a influência da alimentação na sua saúde mental”, com a nutricionista Raquel Campos.
Além disso, serviços como testagem rápida para hepatite C; orientações sobre saúde bucal com a equipe Odontolegal, iniciativa idealizada pela Gerência de Apoio Odontológico da Diretoria de Saúde do TJPE; aferição da pressão arterial; orientações sobre alimentação saudável e tira-dúvidas com oftalmologista foram oferecidos aos(às) participantes.
Durante sua fala no evento, a psiquiatra Mayara Barros falou sobre a correlação entre o cuidado com a saúde física e a necessidade de tratar a saúde mental com a mesma seriedade. “Quando uma pessoa está com sintomas como febre, vômito, garganta inflamada, por exemplo, eu vou recomendar procurar um posto de saúde. Então, por que quando uma pessoa está adoecida mentalmente, eu não vou dizer para procurar um médico, também? A depressão e a ansiedade é um adoecimento como qualquer outro”, destacou.
Durante o encontro, a especialista também abordou a importância de combater a ideia equivocada de que o adoecimento mental atinge apenas algumas pessoas. A saúde mental, como foi lembrado, é uma questão que diz respeito a todos, independentemente de classe social, profissão ou estilo de vida. “É fundamental reconhecer que ninguém está imune ao adoecimento mental. Todo mundo pode adoecer. Voltando a correlacionar: se todo mundo pode ter uma pneumonia, todo mundo pode ter uma depressão. É uma doença como qualquer outra”, alertou a psiquiatra.
Abrindo sua participação no evento, o psicólogo Sérgio Dias chamou atenção para como a hiperconectividade tem influenciado até mesmo a nossa percepção do tempo e o modo como nos relacionamos com o mundo ao redor. "Não sei se vocês já perceberam, mas parece que a nossa relação com o tempo mudou depois dessa exposição tão intensa às redes sociais. É como se a gente vivesse tudo em alta velocidade e, quando se depara com a vida real, parece que ela está devagar demais. A gente anda mais impaciente. Esse ritmo acelerado da conectividade acabou influenciando também a forma como nos relacionamos com os outros e com o mundo. Quando estamos diante de algo ou alguém que exige mais da nossa paciência, o corpo já reage, a gente fica inquieto, ansioso. Isso aparece em várias situações do dia a dia", alarmou.
O especialista também trouxe uma reflexão provocativa sobre os impactos das redes sociais na saúde mental e na forma como lidamos com o tema do suicídio na atualidade. "É interessante começar refletindo sobre como a questão do suicídio se atualiza no contexto em que vivemos hoje, especialmente diante do impacto das redes sociais. Elas funcionam como uma vitrine, mas também revelam aspectos profundos da experiência e das relações humanas. Esse cenário nos convida a olhar para além das aparências digitais e pensar sobre como estamos lidando com nossas emoções e conexões”.
"Onde a palavra não circula, onde as coisas não são ditas, as pessoas adoecem. Existe um ditado muito popular — e infelizmente ainda muito repetido — que diz: ‘o que não tem jeito, está resolvido’. A ideia de que não vale a pena falar sobre certos assuntos, de que não devemos tocar em determinadas questões, é perigosa. Porque, na verdade, é justamente ao mexer nisso que conseguimos esgotar aquilo que nos pesa. A palavra transforma. A maneira como a gente encara uma realidade muda absolutamente tudo — muda a nossa forma de ver e viver essa realidade. Vou dar um exemplo com uma poesia, que dizem até ser baseada em um fato real."
O psicólogo Pedro Gabriel, em sua contribuição com o evento, reforçou muito a importância da palavra. "Onde a palavra não circula, onde as coisas não são ditas, as pessoas adoecem. Existe um ditado muito popular, e infelizmente ainda muito repetido, que diz: “o que não tem jeito, está resolvido”. A ideia de que não vale a pena falar sobre certos assuntos, de que não devemos tocar em determinadas questões, é perigosa, porque, na verdade, é justamente ao mexer nisso que conseguimos esgotar aquilo que nos pesa. A palavra transforma. A maneira como a gente encara uma realidade muda absolutamente tudo, muda a nossa forma de ver e viver essa realidade”, ressaltou.
"Quando se destacou um mês para a prevenção do suicídio, a ideia não foi apenas falar sobre a vida que termina de forma abrupta, mas também sobre as pequenas mortes, as micromortes. O Setembro Amarelo nos convida a refletir, também, sobre a qualidade da nossa vida”, acrescentou Pedro Gabriel.
Abordando a alimentação, a nutricionista Raquel Campos focou no eixo intestino-cérebro. "Os alimentos podem, sim, influenciar no sono, na ansiedade e na insônia. A nossa alimentação modula o intestino e a microbiota intestinal, que está diretamente ligada ao cérebro, seja por meio do nervo vago, seja através de citocinas inflamatórias ou pró-inflamatórias. Estudos mostram que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e ricos em gordura pode reduzir a diversidade da microbiota. E, quando essa diversidade diminui, aumentam os processos inflamatórios, o que impacta negativamente a saúde como um todo", afirmou. Raquel também compartilhou sugestões de alimentos mais saudáveis tanto para o corpo, como para a mente.
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Texto: Ananda Cavalcanti | Esmape
Fotos: Jairo Lima | Esmape